Eles formam um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS). Os agentes de saúde são os responsáveis por fortalecer o elo entre os serviços de saúde e a comunidade, na casa de cada um dos usuários. Para fornecer ferramentas que intensifiquem esse diálogo, valorizando as diferentes condições, religiões e culturas, um treinamento será oferecido a 2.670 agentes cearenses. A ação, que teve início ontem e contemplará cinco municípios, pretende colocar em prática a Política Nacional de Educação Popular em Saúde, criada em 2005.
O curso, de 40 horas/aula, trabalhará técnicas de abordagem específicas para grupos de usuários do SUS. A agente Maria Lucimar da Conceição, 52, atua em Caucaia e reconheceu “os diferentes modos de vida” dos públicos com os quais trabalha. “Com os índios, por exemplo, muitos são irredutíveis quanto a receber vacina. As mulheres, acostumadas a parir em casa, ainda são resistentes ao pré-natal. Nosso trabalho é transmitir informação, então precisamos falar várias linguagens para explicar o que é necessário”.
Fortaleza, Maracanaú, Horizonte e Sobral são as outras cidades onde o treinamento será oferecido. Quarenta e dois profissionais ministrarão as aulas durante três etapas de curso. “O agente fará um mapeamento da sua área para identificar as dificuldades que as pessoas têm para chegar a uma unidade (Básica de Saúde) e as condicionantes do processo doenças-saúde. Sabendo onde as pessoas moram, dormem e seus hábitos, pode-se saber qual a relação com as doenças”, explicou a coordenadora do curso, Rocineide Ferreira.
Grupos
Ciganos, trabalhadores de circo, populações negra, LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), de campo e florestas, de rua e quilombolas. Conforme o titular da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (SGEP/MS), Odorico Monteiro, esses são os grupos que mais necessitam de abordagem diferenciada por parte dos agentes. Odorico afirmou que a intenção é de que a capacitação atinja todos os agentes do Estado, porém, ainda não há data para inclusão de outros municípios.
Questionado sobre os problemas estruturais enfrentados pelos agentes de saúde, como falta de fardamento, protetor solar e equipamentos, o titular da SGEP destacou que um das maiores dificuldades enfrentadas é a falta de médicos. “Nós estamos construindo uma política de educação permanente, isso fortalece algo que é intangível, que é o conhecimento. Um dos fatores que deixa o agente desprotegido é a falta de médicos, e o Mais Médicos está suprindo isso”.
Saiba mais
Os outros estados que receberão o treinamento do Ministério da Saúde são: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo.
Em todo o País, deverão ser capacitados 24 mil agentes.
O curso será ministrado com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que capacitou orientadores, mediadores e educadores.
Os agentes que participarão do treinamento foram selecionados a partir de uma carta de intenções.
A Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (SGEP/MS) é a responsável pela capacitação.