I Encontro dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem tem ampla participação e debate

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Profissionais de 37 municípios do interior do Ceará e de Fortaleza dedicaram-se, no dia 12 de maio, ao I Encontro dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, realizado pelo Sindsaúde, conforme definido no Congresso Extraordinário. Na pauta do evento, temas que afetam os trabalhadores no dia a dia: luta pela redução da jornada para 30 horas, piso salarial nacional e assédio moral.

Na mesa de abertura, a plateia foi saudada pela presidente do Sindsaúde, Tereza Neuma, o presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Nordeste (FEESSNE), João Rodrigues Filho, o deputado federal João Ananias, representantes do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e do Conselho Regional de Enfermagem (Coren).

“Setores da Saúde privada e da Filantropia não mostram a cara, mas por baixo se movimentam contra a aprovação das 30 horas”, disse João Ananias. Para ele, a luta pelas 30 horas já conseguiu convencer a maioria da Câmara, porém grupos econômicos pressionam para que não vá a votação.

Luta pelas 30 horas

Para começar os debates, o deputado federal Chico Lopes e João Rodrigues Filho realizaram a mesa sobre a luta pela redução da jornada para 30 horas.

“A Filantropia tem bancada de 85 deputados que se afasta do debate das 30 horas. Os líderes do PT e PMDB não assinam de jeito nenhum para colocar o projeto na pauta”, ressaltou o presidente da FEESSNE.

Do outro lado desse embarreiramento político estão os profissionais da Saúde, enfrentando condições adoecedoras de trabalho.

“A segurança de vida dos brasileiros está em risco, porque o povo está cambaleando. Ninguém observa o quanto estamos cansados. Temos que mudar, porque senão nós vamos morrer, não dá mais”, foi a mensagem emocionada de João Filho.

Durante o debate, o servidor do Hospital do Coração de Messejana, Messias, destacou que até nos hospitais públicos a jornada de 30 horas semanais é desrespeitada, pois há muitos terceirizados, cooperativados e prestadores de serviço que cumprem jornada extensa.

Assédio Moral

Sobre este tema que aflige tantos trabalhadores, o Encontro contou com uma mesa da qual participaram a doutoranda em Psicologia, Virgínia Cavalcante, a representante do Cerest, Vanzetti de Alencar, e o senador Inácio Arruda (PCdoB), autor do PL 80/2009, sobre coação moral no emprego.

De acordo com Virgínia, é importante atentar para as características do assédio moral, que têm de ser direcionado, ocorrer repetidamente e há um certo período de tempo. “O cotidiano corrido impede de parar para perceber o sofrimento, a não ser quando a saúde física e mental já está bem desgastada”, explicou.

Como medidas de prevenção ao assédio moral, a doutoranda citou melhores condições de trabalho, o contrário do que se vê nos hospitais brasileiros, onde falta até material de trabalho.

Vanzetti de Alencar destacou o papel do Cerest, com 190 unidades em todo o Brasil prontas para atender o trabalhador/a. “Infelizmente, quando as pessoas chegam no Cerest elas já estão adoecidas, no ápice da sua capacidade”, lamenta, afirmando que é preciso saber identificar o assédio moral e procurar ajuda mais cedo.

Piso nacional

A cargo do sindicalista Luciano Simplício, membro da CTB, a mesa sobre a luta pelo piso nacional aglutinou os trabalhadores e animou-os a lutar com mais garra ainda pela aprovação do PL 4924/2009.

“Com três ou quatro empregos, é comum hoje pessoas da Saúde mais doentes do que os pacientes dos quais cuidam”, afirma.

Diante disso, junto à redução da jornada, os profissionais da Saúde precisam ter um salário que supra suas necessidades, para que se dediquem a apenas um emprego. O projeto de lei 4924/2009, do deputado federal Mauro Nazif (PSB/RO), prevê piso para Enfermeiros no valor de R$4.650. O piso dos técnicos seria 50% deste valor, e o de auxiliares e parteiras seria de 40%.

No Ceará, a existência das cooperativas e a grande demanda na área da Saúde tornam as condições ainda piores. Enquanto isso, o Estado só se preocupa em propagandear os números de atendimento, sem informar sobre sua qualidade.