Meninas de 11 a 13 anos receberão vacina contra HPV

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Durante o primeiro mês de implantação da medida do Governo Federal que prevê a vacinação gratuita contra o vírus do papiloma humano (HPV) nos postos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos municípios, a prioridade será a aplicação das vacinas nas escolas públicas e privadas.


De acordo com a coordenadora estadual de imunização do Ceará, Ana Vilma Braga, a atuação nas escolas vai permitir que o alcance da campanha seja maior. O público-alvo é formado por meninas de 11 a 13 anos.


A vacinação nos postos da rede pública de saúde terá início a partir do dia 10 de março. Segundo Ana Vilma, até o dia 10 de abril, espera-se que todas as meninas das instituições de ensino recebam a primeira dose da vacina. A coordenadora garantiu ainda que, ao serem vacinadas pela primeira vez, elas receberão um informe do qual constarão nome e local da unidade do SUS onde deverão receber a segunda dose, no período de 1º a 12 de setembro. A terceira dose estará disponível nos postos de saúde após 60 meses da primeira dose.


No Ceará, a expectativa é de que 257,3 mil adolescentes de 11 a 13 anos sejam imunizadas contra o vírus. Conforme o Ministério da Saúde, serão enviadas para o Estado 540,4 mil doses. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) disse, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não há previsão de distribuição das vacinas nos postos de saúde nem informações sobre quais unidades vão oferecer a vacina.


Segundo a doutora Paula Borba, médica do Instituto de Prevenção do Câncer (IPC) e pesquisadora da vacina contra o HPV há doze anos, a prioridade da vacinação nesta faixa etária tem relação direta com o risco de desenvolvimento do câncer de colo do útero. “A relação entre o vírus e o câncer é de quase 100%. Todas as pessoas que têm o câncer, têm o HPV, mas o inverso não é verdadeiro. Nem todo mundo que tem o HPV vai desenvolver o câncer”, explica.


Prevenção


O vírus HPV possui mais de 200 variações e sua principal forma de transmissão é a via sexual. Estatisticamente, a idade em que a mulher inicia sua vida sexual, no Brasil, é aos 14 anos, diz a pesquisadora. “O ideal é que a prevenção inicie antes da mulher começar a ter relações sexuais, daí a vacina ser aplicada em meninas nesta idade”, diz.


A médica alerta que, mesmo tomando a vacina, a mulher deve prosseguir com os demais procedimentos de proteção, como o uso do preservativo e as consultas anuais com ginecologista. “A recomendação é que toda mulher, a partir dos 25 anos, faça o exame papanicolau pelo menos uma vez por ano”, completa.


A vacina disponibilizada nos postos de saúde previne contra os dois tipos de HPV de alto risco, 16 e 18, responsáveis por 73% dos casos de câncer de colo do útero, e contra dois tipos de baixo risco, 6 e 11. Em setembro de 2013, o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária de vacinação, que passou dos 11 para 13 anos.


Saiba mais


O HPV é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto.Estimativas apontam que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido à doença.


É o terceiro tipo mais frequente de câncer entre a população feminina e a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).


Por ano, são registrados cerca de 500 mil casos de câncer de colo do útero no mundo e, aproximadamente, 291 milhões de mulheres são portadoras do vírus HPV. A infecção pelo vírus é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer de colo do útero.


A vacina contra HPV garante proteção de 98% contra o câncer de colo uterino.


A transmissão do HPV se dá por contato direto com a pele ou com a mucosa infectada, incluindo contato oral-genital, genital-genital ou até manual-genital, não sendo, necessariamente, transmitido através da penetração.




O Papanicolau é o exame preventivo do câncer de colo uterino realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Ele é utilizado para fazer o diagnóstico precoce e detectar a doença bem no início. Pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados.


O exame é indolor, simples e rápido. Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve fazer o exame, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos.