MPE vai abrir inquérito para apurar mortes no Hospital de Messejana

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Com irregularidades apontadas em inspeção sanitária no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart, o procedimento administrativo instaurado pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPE-CE) vai evoluir para inquérito civil. A promotora de Justiça de Defesa da Saúde Pública, Isabel Porto, ouvirá os responsáveis pelo hospital sobre a contaminação de oito pacientes pela bactéria Acinetobacter baumannii. A investigação pode levar a um pedido de indenização para os familiares.


Segundo a assessoria da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), o oitavo paciente diagnosticado com a bactéria multirresistente morreu por problemas de insuficiência cardíaca e renal. Na segunda-feira, 26, a Sesa havia informado que o homem permanecia na UTI e que não apresentava mais a bactéria. Era o último paciente diagnosticado nos últimos dois meses.


Entre os dias 7 de abril e 9 de maio, sete pacientes que haviam passado pelo setor de observação risco 1 da emergência morreram após contato com a bactéria. A unidade foi bloqueada no dia 2 de maio, após a morte do quarto paciente, e passou por reforma e processo de desinfecção.


Inspeções


Na sexta-feira, 23, o hospital foi fiscalizado pelo Núcleo de Vigilância Sanitária do Ceará, atendendo à requisição do Ministério Público. “Recebemos o relatório com várias inconformidades apresentadas”, informou Isabel Pôrto.


Segundo a promotora, o hospital terá 30 dias para apresentar


à Vigilância um cronograma de adequação das irregularidades constatadas em diversos ambientes, como nas UTIs, centro cirúrgico e laboratório de análise clínica. Detalhes do relatório não foram disponibilizados à imprensa.


A Promotoria também recebeu esclarecimentos do hospital quanto às medidas adotadas no controle das infecções, além de relatório de inspeção feita pelo Conselho Regional de Medicina (Cremec). Com o inquérito civil, o objetivo é continuar a investigação e apurar a natureza das mortes. “Vislumbramos a possibilidade de ingressar com ação indenizatória para as famílias que tiveram pacientes levados a óbito”, declarou. Um inquérito policial, conduzido pela Polícia Civil, deve ocorrer paralelamente à investigação do MP.


O POVO entrou em contato com Bráulio Matias, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Messejana. Por telefone, ele informou que só poderia conceder entrevista na próxima semana.


Saiba mais


No Hospital de Messejana, a bactéria Acinetobacter baumannii causou sete mortes entre 7 de abril e 9 de maio.


Segundo a Sesa, as mortes não tiveram relação direta com infecções causadas por ela. Os pacientes, entre 70 e 90 anos , tinham estado de saúde considerados grave.


A transmissão da bactéria, comum em ambientes hospitalares e UTIs, se dá principalmente pelo contato das mãos.


Por lei federal, todos os hospitais devem ter Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), responsável pelas medidas de higiene e desinfecção de artigos e equipamentos.


Durante o bloqueio da unidade na emergência, os demais pacientes foram transferidos para outros hospitais.


Fonte: O Povo