Secretária-geral do Sindsaúde publica artigo em jornal local

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A secretária-geral do Sindsaúde, Marta Brandão, publicou no jornal O Povo desta terça-feira (30), artigo em que aponta o cenário que espera o prefeito eleito da capital cearense. Veja na íntegra.

Desafios e caminhos para a saúde pública em Fortaleza

Vencedor de um pleito disputado voto a voto, o novo prefeito de Fortaleza, quinta maior capital do Brasil, deve governar para resolver questões que castigam nosso povo, entra gestão, sai gestão. Assim como educação e transporte público, a saúde, tão presente nas promessas de campanha, precisa se concretizar como direito de todos e todas.

Observo a questão a partir de três ângulos – como mulher, trabalhadora da saúde e usuária do SUS – e alguns desafios se apresentam nitidamente. Apesar dos cerca de 190 estabelecimentos de saúde públicos, os fortalezenses ainda enfrentam longas filas para o atendimento, demorada espera para a realização de exames, falta de vagas nos hospitais públicos e falta de medicamentos.

Fundamental para solucionar estes problemas é o cuidado com quem cuida da população, ou seja, os profissionais da saúde. O Sindsaúde (sindicato dos profissionais de nível médio da saúde) denuncia, há anos, a condição análoga à escravidão a que o município submete quase mil trabalhadores nos postos de saúde, Frotinhas e Gonzaguinhas.

São auxiliares de enfermagem/laboratório, maqueiros, porteiros, serviços gerais etc, que trabalham avulsos, recebendo menos de um salário mínimo do próprio hospital, sem direito à carteira assinada, férias, 13º salário, FGTS e vale transporte. Como mulher, revolto-me ao saber que são mais de 300 companheiras privadas do direito à licença maternidade. Este cenário já foi denunciado pelo Sindsaúde aos órgãos de fiscalização (TCM, MPT e MTE), mas não há notícia de nenhuma providência concreta.

Muito nos preocupa ouvir promessas de construir mais e mais unidades – eco de determinado modelo político, por vezes, apenas um meio de se autopromover, inaugurando mais uma obra. Para que mesmo, se ali não há número suficiente de profissionais?

Uma solução óbvia e desejada seria a abertura de concursos públicos. Garantiriam os direitos negados aos terceirizados e avulsos e acabariam com apadrinhamentos políticos – deixando os profissionais reféns do jogo político, têm péssimo reflexo na qualidade do serviço.

Estaremos, como sempre, vigilantes e dispostos a contribuir com nossa experiência como trabalhadores para melhorias na saúde pública de Fortaleza. Que venham boas mudanças, nosso povo já está cansado de promessas.