Sem leito em Frotinha, paciente tem de voltar a 'piscinão'

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A madrugada de ontem foi desgastante para a família de Ademar da Silva Rodrigues, 59. Uma transferência mal sucedida foi a razão. A sogra do mecânico de tratores agrícolas, Francisca Idalice Andrade Alencar, 82, está internada na área do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) conhecida como “piscinão” desde o último sábado, 2.


Por determinação do titular da pasta municipal da Saúde, secretário Ciro Gomes, a ala deve ser eliminada até o dia 12 de dezembro próximo. Dessa forma, leitos de retaguarda em hospitais da Capital foram disponibilizados para atender a quem chega à unidade precisando de atendimento secundário.


Idalice é uma dessas pessoas. Entretanto, a família não concordou com a transferência, alegando que não recebeu uma explicação satisfatória. Ademar conta que durante a tarde da quarta-feira, 6, um funcionário do hospital informou a uma filha da paciente que a mãe teria de ser transferida para o Frotinha do bairro Antônio Bezerra. A família pediu explicações e recusou a transferência. “A gente precisava saber o motivo. Eles (funcionários) só disseram que era perigoso manter minha sogra no piscinão”, lembra o mecânico.


A idosa foi internada em decorrência de escaras nos pés e suspeita de diabetes. Além disso, há cerca de um mês, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). De acordo com o genro, para prosseguir com o tratamento, às 23h55min da quarta-feira, Idalice saiu do HGF, rumo ao Frotinha, onde foi recusada. “O médico que atendeu disse que era porque não tinha leito e o estado de saúde dela é delicado”, relata.


Por volta de 1h15min, a paciente teve de retornar ao HGF, onde permanece internada. Para Ademar, a situação é “traumatizante”. “Não somos contra a transferência, desde que seja planejada com a família e o novo hospital esteja em condições de cuidar devidamente da paciente”, desabafa.


Esclarecimento


O HGF, por meio da assessoria de comunicação, informou que Idalice foi diagnosticada com escaras infectadas. “Ressaltamos que o hospital é terciário, atende a casos de alta complexidade, entretanto acaba tendo que receber pacientes fora desse perfil. É o caso da senhora Francisca Idalice Andrade”, explicou. Por meio de nota, o HGF defendeu ainda que faz a regulação “de forma coerente” desses pacientes, mas, neste caso específico, a própria família recusou a transferência.


Saiba mais


De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), de 2007 para 2013 o número de leitos no hospital, após obras de ampliação, subiu de 319 para 531. Entretanto, o número de pacientes que buscam assistência do hospital é crescente, fator que provoca superlotação. ”Medidas foram adotadas e outras estão sendo definidas para zerar, até o dia 12 de dezembro, o número de pacientes atendidos em área improvisada do HGF”, diz a Secretaria por meio de nota.


O HGF fará parte do programa SOS Emergências, ação do Governo Federal que pretende qualificar o atendimento e a gestão dos hospitais públicos do País. Nesta semana, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Hevécio Miranda, visitou o hospital. Durante a visita, ele declarou que o programa terá parceria com Estado e Prefeitura, para que a unidade não tenha mais pacientes nos corredores.


Fonte: O Povo