“Declaro promulgada a Constituição, documento da liberdade, da dignidade, da democracia e da justiça social”. Essa é a famosa frase dita por Ulysses Guimaráes, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, ao promulgar a Constituição em 5 de outubro de 1988. E, com a nova carta magna, surgia um novo sistema de saúde no Brasil: o SUS, que tinha o desafio de atender a todos os brasileiros.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes, lembra que a luta pela criação de um sistema público de saúde universal começou com a reforma sanitária das décadas de 70 e 80.
Apesar de todos os gargalos apontados ao longo da série, o secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Jurandi Frutuoso, considera que o SUS hoje oferece uma infinidade de procedimentos. “E o Brasil não reconhece isso, só se foca nos problemas. O sistema caminha para oferecer um serviço próximo do que a população merece”, afirma.
“Os avanços do SUS foram enormes. Há 20 anos, quem precisava fazer hemodiálise enfrentava grande dificuldade. Hoje, conseguimos atender esses pacientes. O problema é que a resposta não vem na mesma velocidade da angústia dos usuários”, opina o diretor do Hospital São José, Anastácio Queiroz.
O secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, divide a história da saúde brasileira no século XX em três momentos anteriores a criação do SUS. Entre 1900 e 1930, é realizado o “campanhismo sanitário”, com o objetivo de enfrentar as epidemias nas grandes cidades.
O segundo momento começa na Era Vargas (1930-1945), com a organização da saúde por grupos profissionais. Com a chegada dos militares ao poder, tudo foi unificado no Instituto Nacional de Previdência Social (terceiro momento). “Mas ele mantinha a exclusão para quem não possuía a carteira assinada. Ficavam de fora os índios, camponeses, marginalizados e informais, que precisavam recorrer aos hospitais filantrópicos. E muitos morriam”, conclui.
Fonte: jornal O Povo