Os recentes episódios de violência em hospitais brasileiros escancaram uma realidade alarmante: a insegurança que atinge profissionais da saúde e pacientes. No último sábado (18), no Hospital Municipal de Morrinhos(GO), um paciente em surto fez uma enfermeira refém e acabou morto por um policial. O caso não é isolado.
Em 2024, o IJF, em Fortaleza, foi palco de um crime brutal: um ex-funcionário decapitou um colega dentro da unidade. Em Brejo Santo (2022), uma técnica de enfermagem foi assassinada por um paciente psiquiátrico. Esses incidentes não apenas chocam, mas evidenciam a falta de atenção e abandono de políticas de segurança nos serviços de saúde.
Profissionais da atenção primária, que atuam em postos de saúde, estão entre os mais expostos. A falta de segurança nesses ambientes, somada à ausência de vigilância e às tensões provocadas pela sobrecarga de trabalho, deixa esses trabalhadores vulneráveis a ataques. Situações como longas filas, conflitos por recursos escassos e dificuldades no acesso a medicamentos são gatilhos frequentes para episódios de violência.
A solução exige medidas urgentes: revisão e atualização de protocolos de segurança em todas as unidades de saúde do Brasil, ampliação da presença de equipes de vigilância qualificadas e treinadas, suporte psicológico para profissionais da saúde, condições de trabalho dignas, incluindo equipes completas, insumos necessários e ambientes saudáveis para o exercício da profissão, além de campanhas de conscientização para combater a violência contra a categoria. É essencial que os gestores desses equipamentos públicos e privados priorizem o fortalecimento do atendimento na atenção primária, garantindo estruturas físicas seguras e condições de trabalho dignas para os profissionais que estão na linha de frente.
Investir na segurança das Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais públicos e privados é proteger quem cuida de vidas. Os locais de cura precisam oferecer segurança e conforto aos trabalhadores, trabalhadoras e pacientes que ali estão. Temos o dever de não permitir que esses espaços se transformem em palco de constantes tragédias. Nos solidarizamos com os profissionais da saúde, que enfrentam longas e exaustivas jornadas de trabalho e que estão vivendo sob constante estresse, frequentemente em ambientes marcados pela precariedade e pela insegurança. É hora de dar a esses profissionais o devido reconhecimento, garantindo segurança, respeito e condições dignas para exercerem seu papel com a proteção que merecem.
Essa luta é uma responsabilidade coletiva.
— Escrito Por: Martinha Brandão, diretora do Sindsaúde Ceará