Na tarde desta quarta-feira (18), a Assembleia Legislativa do Ceará foi palco de um debate crucial para a valorização da enfermagem no setor privado. Convocada pelo Sindsaúde Ceará e requerida pela deputada Martinha Brandão, a audiência pública reuniu trabalhadores, líderes sindicais e representantes do setor de saúde para discutir a implantação do Piso Salarial da Enfermagem.
Enquanto a maioria das empresas privadas de saúde já aderiram à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2024, que garante a implantação do piso da enfermagem, de maneira escalonada a Hapvida, uma das maiores e mais lucrativas redes de saúde do Brasil, permanece na contramão. Sua recusa em dialogar ou implementar o piso salarial foi duramente criticada pelos participantes da audiência.
Uma postura vergonhosa e desumana
Durante o encontro, profissionais de enfermagem relataram o impacto da postura da Hapvida em suas rotinas. Além de não cumprir o piso, a empresa também oferece reajustes salariais abaixo do esperado, agravando a desmotivação e sobrecarga dos trabalhadores.
“O lucro da Hapvida vem da exploração dos seus profissionais. Eles são o coração do atendimento, mas enfrentam condições de trabalho indignas e desrespeito constante”, afirmou o presidente do Sindsaúde, Quintino Neto
Lucros exorbitantes, mas sem valorização
Outro ponto de destaque foi o contraste entre os altos lucros da Hapvida e sua resistência em garantir o mínimo de dignidade aos trabalhadores. Representantes do Sindsaúde Ceará enfatizaram que a empresa lucra bilhões anualmente, mas continua ignorando a importância da categoria que sustenta sua operação.
“É inaceitável que, em pleno 2024, uma rede de saúde desse porte trate seus profissionais como peças descartáveis. Essa audiência deixa claro que não vamos tolerar essa negligência”, destacou Daniele Nazario, diretoria do Sindsaúde e Auxiliar de enfermagem da rede Hapvida
Próximos passos
A audiência pública reforçou a urgência de ações coletivas para garantir o cumprimento da CCT e a implantação do Piso da Enfermagem. Entre as medidas debatidas, destacam-se:
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A conselheira do Cofen, Enfermeira Ana Paula Brandão, sugeriu que as entidades presentes realizem uma reunião conjunta para levar uma representação à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), denunciando a situação vivida atualmente pelos profissionais no Hapvida.
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As entidades sindicais irão avaliar a convocação de uma assembleia-geral da enfermagem para tirar como encaminhamentos, paralisações ou greve.
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As entidades sindicais recomendaram que os trabalhadores cooperados denunciem as falsas cooperativas e os abusos (se você bate ponto, tem escala, tem chefia e não participa dos lucros, você está em uma FALSA COOPERATIVA) denuncie ao Sindsaúde para podermos encaminhar ao Ministério Público do Trabalho
O recado está dado
Ao final do encontro, ficou claro que os trabalhadores não estão sozinhos. A luta pelo Piso da Enfermagem no setor privado continua, e a Hapvida terá que responder pela sua postura omissa e desrespeitosa.