Após várias rodadas de negociação, o Hapvida, o grupo empresarial da saúde que mais cresce no Brasil, quer pagar abonos ao invés de implantar reajuste salarial e deixar trabalhadores no prejuízo.
Dirigentes do Sindsaúde Ceará amanheceram nesta terça-feira, 21/06, em frente ao Hospital Antônio Prudente, na Avenida Aguanambi, em Fortaleza. Eles foram protestar contra o retrocesso nas negociações para o Acordo Coletivo de Trabalho para 2022. Um caixão foi colocado em frente ao hospital. “Além dos riscos à vida inerentes à profissão, o Hapvida agora quer que os empregados e empregadas morram de fome” – afirmou uma diretora sindical. “Abono não é salário e a gente vai sentir no bolso quando for receber férias, 13º, horas extras e até o FGTS, já que tudo vai ser calculado em cima do salário de dezembro do ano passado” – explica.
O Sindsaúde Ceará deixou claro desde o início das negociações que a proposta minimamente aceitável seria o reajuste salarial com reposição das perdas da inflação, que foi de 10,16%(INPC), no acumulado de 2021. Mas, contrariando todas as expectativas, o Hapvida anunciou na última rodada de negociação, neste mês de junho, que não quer dar reajuste nenhum. Ao invés disso, oferece aos trabalhadores um abono fixo mensal no percentual de 10,16% do salário vigente em dezembro de 2021. O abono referente aos meses de janeiro a junho seria pago em duas parcelas, nas folhas de julho e agosto próximos.
Na prática, o Hapvida quer congelar os salários, baratear o custo com os trabalhadores, deixando esses no prejuízo.
Sindsaúde Ceará x Hapvida
No começo das negociações, o Grupo Hapvida, sedento de lucros, almejando uma força de trabalho mais barata, ofereceu reajustes diferenciados de acordo com a faixa salarial dos empregados. O Sindsaúde Ceará rejeitou a proposta e as negociações seguiram. O sindicato não abriu mão de lutar por um reajuste com reposição da inflação para todos, considerando que os efeitos da inflação com a carestia, como há muito tempo não se via no Brasil, afeta a todos, com aumentos constantes na conta de luz, no gás, nos combustíveis, na comida.
Mas, para surpresa de todos, o Hapvida, considerado um dos grupos empresariais da saúde que mais faturou, principalmente após o começo da pandemia, em 2020, descaradamente, oferece o retrocesso aos trabalhadores, com congelamento de salários e abono consolação, gerando perdas a curto e longo prazo para os empregados e empregadas, responsáveis pelos lucros do Hapvida.
O Sindsaúde Ceará rejeita essa proposta imoral e aguarda uma nova rodada de negociação. E que ela seja pautada no bom senso e na valorização dos trabalhadores da saúde.